A Saudade da Presença que Preenche Tudo

Faz duas semanas que a presença física da minha mãe deixou de preencher a casa, e, desde então, o vazio tomou conta de cada canto. É curioso como o silêncio pode ser tão barulhento. Antes, ele não existia — havia o som das conversas dela, o ruído da cadeira arrastada na hora do café, até o barulho suave das mãos ajeitando a toalha da mesa. Agora, tudo parece parado no tempo, como se a casa estivesse em luto pela ausência dela.

Na mesa do café, o lugar que ela sempre ocupava ficava vazio. O aroma do café continua o mesmo, mas o sabor mudou. Não é só o café que faz falta; é a companhia, é o ritual, é o olhar carinhoso misturado à preocupação, como se ela conseguisse ler o que a alma guarda em silêncio. Era ali, nesse simples ato de dividir o café da manhã, que ela nos alimentava de mais que comida — nos nutria com sua presença, sua força, seu amor.



Até as broncas deixaram saudade. Quando ela estava por perto, muitas vezes fiquei interessado. Agora, percebo que aquelas palavras duras vinham de quem nos ama tanto que não se cansa de querer o nosso melhor. Como faz falta o som da sua voz nos chamando a atenção, o carinho escondido nas entrelinhas de cada conselho.

A ausência dela ensinou uma lição útil: mães não ocupam apenas espaço físico; elas preenchem o espaço da vida. Elas estão em cada detalhe, em cada rotina, em cada silêncio que, sem elas, viram vazias. O lugar dela à mesa vazia é uma metáfora perfeita para essa ausência tão presente, uma saudade que não se explica, só se sente.

Duas semanas sem minha mãe e eu entendi que ela não era só a mãe que fazia tudo funcionar. Ela era a própria alma da casa, o centro ao redor do que tudo girava. Agora, só resta esperar pelo momento em que aquele lugar vazio na mesa volta a ser ocupado. E quando isso acontecer, prometo aproveitar cada segundo, até mesmo as broncas, porque mães, de verdade, são o maior presente que a vida nos dá — e só sentimos o peso da falta quando elas não estão por perto.

Que essa saudade nos ensine, acima de tudo, a valorizar cada instante ao lado de quem amamos. Porque o amor de mãe não se mede pelo tempo que temos com ela, mas pela intensidade do vazio que deixa quando se ausenta.


Prof. Rodrigo Froés

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